Sapatos: das antigas chopines ao salto plataformaby marcia |
Em
dias de Fashion Week, quando se fala muito de modas e tendências, vamos
conhecer um pouco da história dos sapatos, que há séculos são
verdadeiros símbolos de riqueza e status
A guilda de sapateiros foi uma das primeiras a surgir na Inglaterra,
sendo que seu primeiro regulamento data de 1272. Seu nome, The Guild
Cordwainers, era uma corruptela de Córdoba, região da Espanha que
produzia o melhor couro da época. Os calçados de bico fino e comprido
estiveram na moda no final do século XIV. É importante destacar que os
sapatos feitos de couro, para proteger os pés da lama e da neve, eram
exclusividade dos mais ricos. Com o tempo, começou-se a usar também lã, o
que os tornou mais acessíveis aos menos abastados.
No
século XVI, principalmente no reinado de Henrique VIII (1509-1547), a
aristocracia aderiu ao luxo e ao exagero na indumentária. O estilo dos
sapatos mudara: os mais ricos chegavam a usar sapatos com solados de 17
centímetros de largura, em contraste com os bicos finos e longos do
passado. Seda, veludo e brocados davam o tom de refinamento. As mulheres
seguiam o estilo masculino nos pés, elas ainda não tinham uma moda
exclusiva nesse aspecto. Maria Tudor (1553-58) teria mandado
confeccionar modelos especialmente para ela, iniciando assim um novo
hábito: slippers de veludo (que voltaram recentemente à moda),
botinas para cavalgar, e sapatos de seda e veludo, com solado vermelho,
para ocasiões formais.
As chopines eram
sapatos bastante extravagantes que foram moda entre a nobreza do século
XVII: na verdade foram as ancestrais dos nossos queridos sapatos de
saltos plataforma, que hoje acrescentam alguns centímetros às mulheres
com relativo conforto. Mas, no século XVII, as chopines estava
longe de serem confortáveis. Eram feitas de madeira e forradas com
tecidos como seda e veludo (às vezes, couro), quase sempre abertas nos
calcanhares. As damas, porém, exageravam na altura e há exemplares com
50 centímetros de altura, que são exibidos como peças de museu.
A austera Rainha Elizabeth (1558-1603) usou o modelo em determinados
períodos de seu longo reinado - parece que a soberana seguiu vários
modismos enquanto governou os ingleses. A moda dos sapatos variava
bastante entre os nobres, que gostavam de aderir às novidades. As chopines,
que não possuíam o design anatômico, nem eram feitas com os materiais
tecnológicos de hoje. Por isso, as damas das mais altas classes mal se
mexiam e andavam menos ainda.
Rainha Elizabeth: plataformas (chopines) altíssimas.
No Brasil, os nossos nobres imitavam as modas europeias,
principalmente as francesas e inglesas. Os mais abastados usavam sapatos
bordados e de salto, com fivelas de ouro e prata. Meias de seda
coloridas complementavam o visual. Botas e botinas de couro, com esporas
de prata, também eram comuns entre os fazendeiros. Os mais pobres se
contentavam com alpercatas, sandálias ou botinas grosseiras.Os escravos
andavam descalços ou, mais raramente, com chinelas. - Texto de Márcia Pinna Raspanti.
Debret: senhoras com sapatos delicados; escravas descalças.
Dois modelos de chopines (fins do século XVI), cobertos com tecidos adamascados.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
"Shoes", de Lucy Pratt & Linda Wooley, uma publicação do Victoria & Albert Museum (V&A Publishing), de Londres
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