uriosidades sobre o Papai Noelby marcia |
Papai Noel chegou ao Brasil na segunda década do século XX e sua popularização é posterior a 1930, de acordo com Câmara Cascudo (Dicionário do Folclore Brasileiro). O autor não acreditava que o "bom velhinho" se tornasse uma presença marcante no Natal brasileiro, destacando que a figura causava efeito mais "hilariante que venerando" por aqui, por sua falta de ligação com as tradições natalinas da Península Ibérica. As roupas e o ar invernal pareciam estranhos ao nosso ambiente:
Figura de obrigação formal nos festejos de Natal, é sempre de iniciativa oficial e letrada, jamais popular. Com a felpuda e rubra indumentária de inverno polar, dificilmente ajustar-se-a à normalidade resplandecente do verão brasileiro, dezembro ardente, de praias amplas, trajes ligeiros e luminosidade cegante.
As origens europeias do Papai Noel são bastante difusas, sendo associadas às lendas de S. Klaus e S. Nicolau, padroeiro da Rússia Imperial, do Bonhomme Noël ou Javier, da França. "Não conheço representação do Papai Noel antes do século XIX e, assim mesmo, depois dos primeiros 20 anos. (...) Na América, o mais antigo desenho foi publicado em Nova Iorque, no Harper Illustrated Weekly, em dezembro de 1863". Cascudo informa que essa ilustração de Thomas Nast se tornou "inconscientemente" modelo para inúmeras cópias e plágios por toda Europa e Estados Unidos.
O autor afirma também que o Papai Noel não se tornou rapidamente popular na Península Ibérica e na Itália.
(...) onde Menino-Deus, Gesú Bambino, o presépio mantêm sua prestigiosas simpatias na predileção popular para o Natal e suas alegrias domésticas. "Natale coi tuoi/Capo d'anno com chi vuoi"., dizem os italianos. Na Itália não há Papai Noel, dizem os italianos. E os presentes de Reis são ofertas da bruxa Befana, vestida de negro, cavalgando uma vassoura, com o saco repleto de dádivas. Na Espanha, os distribuidores são magnificamente escolhidos nas pessoas dos três Reis Magos. Todos deixam os brinquedos nos sapatinhos e meias expectantes ao calor do fogão solitário.
Ilustrações: Papai Noel de Thomas Nast (1881); edição da Harper Illustrated Weekly; representação da Bruxa Befana
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