quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Avenida Paulista

Autor: Mario Lopomo 
História publicada em 16/11/2006
A avenida paulista, já pelos anos 1920, era uma rua de terra com árvores por toda sua extensão mostrando que seria no futuro uma avenida bem ordenada. Foi ali no espigão da cidade que os barões do café, e mais os endinheirados Sírios e Libaneses começaram a construir casarões que por muitos anos ficaram engalanando e mais bela avenida da cidade de São Paulo. Foi na Avenida Paulista, que um imigrante italiano completamente pobre e que com o correr dos anos, já rico construiu também sua bela mansão. Era Francisco Matarazzo, que se tornou conde depois de conseguir transformar sua pequena indústria de fundo de quintal, num complexo industrial 100% nacional, dos mais fantásticos que perdurou por muitos anos até depois da morte do Conde Francisco Matarazzo II, filho do pioneiro da IRFM, Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Sua bela mansão ficava na esquina com a Rua Pamplona. Com material da construção vindo da Itália, a mansão que eu conheci muito bem por fazer vários serviços para a firma que trabalhava. Tinha um quarto fora que mais parecia um frigorífico com carne dependurada com um funcionário desossando, mandando uma parte para o almoço ou jantar. As vezes que lá fui pude constatar o carinho que a senhora condensa tinha para quem lá estivesse fazendo trabalho, assim como o conde II. Lembro-me que eu com meus 16 anos fui falar com ele para me dar uma carta para treinar no Palmeiras, já que diziam que ele é que era o dono do time de parque antártica (vejam como eu era cara de pau). Eu fui, mas na verdade tive que participar da famosa peneira com centenas de outros rapazes ávidos por tentar uma carreira no futebol. Era na Avenida Paulista que se realizava o corso do carnaval Paulistano dos anos 1930. Desfiles de carros abertos com pessoas jogando confetes e serpentinas borrifando lança perfume nos brincalhões do carnaval, tudo dentro do maior respeito, esse desfile de carros alegóricos era chamado de CORSO. Ate a metade dos anos trinta, a Avenida Paulista teve o desfile do corso. Mas, com a morte do conde Francisco Matarazzo I, em 1937, a pedido da família, o corso não foi realizado aquele ano. No ano seguinte os organizadores resolveram não mais realizar. O que foi uma das referências das brincadeiras sadias do carnaval. 
No início dos anos 1990, a prefeitura queria fazer da casa do conde Matarazzo a casa do trabalhador, talvez numa reversão de que um dia tinha sido do patrão e passaria a ser de operários, quem sabe. Mais tarde ela foi tombada pelo patrimônio histórico, o que revoltou um membro da família que tentou implodi-la, não conseguindo totalmente pelo fato de ter sido muito bem construída, mas teve parcialmente danificado. Hoje é um grande estacionamento com apenas a entrada e as árvores preservados. Do espigão da mais famosa avenida, se avistava o Jardim Paulista. O Jardim Paulista do bonde 40, que descia a Pamplona, e deslizava até o largo, onde contornava entrando na Rua Veneza e retornava a Pamplona, quase sempre sendo chocado pelos entregadores de mercadorias com suas bicicletas de pneu balão e seus, cestos por cima do Guidom. A Avenida Paulista me era muito familiar. Era por ela que eu ia ao Pacaembu, assistir os jogos de futebol. Descia no túnel Nove de Julho subia a rampa atravessando o Parque Siqueira Campos (Trianon) e caminhava pela Paulista até a Rua Itápolis, para pegar as escadarias que descia para o estádio. No trajeto ia embevecido apreciando aqueles magníficos casarões. Também observava os primeiros prédios que se erguiam na avenida. Um dos primeiros foi o edifício Baronesa do Arari, que se deteriorou com o decorrer do tempo e foi restaurado há poucos anos atrás. É um prédio onde reside muita gente famosa que foi envelhecendo juntamente com o edifício, e dali só saem mortos. Neste condomínio, até hoje ainda se vê pessoas de bastante idade contando historias da majestosa avenida. O outro famoso foi o Sant Honoré, um edifício de grande porte que serve apenas a moradores. De todos os edifícios construídos no correr do tempo, um preservou antiga e singela Casa das Rosas, inteiramente reservada a cultura, onde se realizam exposições, lançamentos de livros e outras atividades culturais. Sua frente ficou intacta com o prédio construído nos fundos. Também o instituto Pasteur e o grupo escolar Rodrigues Alves estão preservados pelo patrimônio público. Mais tarde veio o conjunto nacional onde foi colocado um grande "luminoso" com a publicidade da Wilys, e o relógio digital, talvez o primeiro que a cidade teve como a Avenida Paulista estava no alto, toda a cidade via aquele monumento oferecendo a hora, principalmente à noite quando era mais visível, pelo fato de não existir muitos prédios altos pela cidade.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

7 de setembro de 1944 - Getúlio inaugura a Av. Presidente Vargas

Com um grande desfile no dia em que se comemorava os 102 anos da independência do Brasil, inaugurou-se a Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, em homenagem a seu governante, Getúlio Vargas. Nesta cerimônia, além de dar por aberta à circulação de automóveis a nova avenida, o presidente prometeu ao povo brasileiro liberdade política ao fim da Segunda Guerra Mundial, assegurando eleições livres e diretas para todo o país.
Às 9h da manhã, Vargas deixou o Palácio Guanabara em carro aberto, ao lado do Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, e partiu rumo à nova Avenida, despertando o frenesi geral, com aplausos e lágrimas de emoção. A população ovacionava o seu líder. Quando chegou no início da larga via, Vargas desceu do carro e caminhou, sempre sorrindo e acenando, ao lado de sua comitiva, até o palanque de onde assistiria ao desfile. Posteriormente, seria o primeiro a atravessar, em um automóvel, a até então maior artéria urbana carioca.
Av. Presidente Vargas no dia da inauguração
Assim que o Programa Hora da Independência foi ao ar, para transmitir ao vivo pelo rádio a célebre cerimônia, trinta mil crianças, estudantes de escolas públicas do Distrito Federal, entoaram o Hino de Independência e em seguida o Hino à Bandeira, coordenadas pelo maestro Villa Lobos. Ao final do coro, os estudantes saudaram o presidente: “Salve, Getúlio Vargas!”. Era hora de Getúlio discursar.
Primeiro veículo civil que atravessou a nova avenida



Além das paradas tradicionais de Sete de Setembro, outras comemorações marcaram aquele dia, como um Concurso Sinfônico no Palácio Municipal – um evento de gala, o qual reuniria a alta cúpula do governo brasileiro e a sociedade carioca, durante a noite.