sábado, 31 de dezembro de 2011

Dra. Irvênia Prada

Exclusivo: Entrevista de Natal – Dra. Irvênia Prada EXCLUSIVO
A Dra. Irvênia Prada concedeu uma entrevista para o site Alma Animal sobre a espiritualidade dos nossos queridos irmãos. O site Alma Animal gostaria de agradecer imensamente à Irvênia Prada pela atenção, disponibilidade e pelo aprendizado adquirido com a leitura e reflexão dessa entrevista.



Irvênia Prada é professora catedrática e médica veterinária pela Universidade de São Paulo (USP), conhecida mundialmente por suas pesquisas na área de Neuroanatomia Animal, além de respeitada autoridade no que se refere ao estudo da espiritualidade dos animais não-humanos.



Alma Animal: Qual sua visão sobre a eutanásia?



Irvênia Prada: Se em relação ao ser humano temos a referência do que consta no livro “Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, jamais encontrei nas obras básicas da codificação espírita, algo paralelo, que nos orientasse quanto às conseqüências da eutanásia nos animais. Assim, em termos práticos e considerando as condições evolutivas de nosso planeta, sempre respondo a esta pergunta, lembrando-me de uma página de Emmanuel intitulada “Quanto Puderes”, também psicografada por Chico Xavier, em que recomenda: “Quanto puderes, não te afaste do lar…Quanto te seja possível, suporta… Quanto estiver ao teu alcance, tolera…”, etc. Então, digo: “Quanto puder, quanto lhe seja possível, quanto estiver ao seu alcance, faça opção pela vida!” Reconheço que existem casos dramáticos, de animais politraumatizados, de câncer em estágio terminal e outros tantos, em que cada um de nós poderá avaliar o “quanto” as condições nos permitem esta ou aquela opção. Em qualquer das situações, entretanto, vamos recorrer à prece solicitando que os amigos espirituais nos ajudem a todos, seres humanos e animais. Jesus sabe de nossas limitações, mas abençoa qualquer esforço que fazemos em favor da vida!



Alma Animal: Considerando a evolução espiritual, como conciliar a convivência entre seres humanos e animais não-humanos visando a alimentação humana (com exceção daqueles criados para a “indústria da morte”)?



Irvênia Prada: O dilema “comer ou não comer carne” demanda uma reflexão ética e doutrinária. O ser humano, em sua trajetória milenar neste planeta, acostumou-se à alimentação carnívora, dadas as condições de busca de sobrevivência em que se encontrava nos primórdios de sua história, sendo este um hábito dos mais arraigados até hoje, em seu comportamento. Enquanto ele mesmo caçava e levava o alimento para a sua família, podemos dizer que existia uma certa harmonia em sua relação com a natureza. Entretanto, a partir da industrialização tanto da criação dos animais, quanto de seu abate, muito sofrimento por parte dos animais, passou a fazer parte desse sistema de alimentação. Atualmente, como refere o mentor Alexandre em Missionários da Luz, de André Luiz, já temos condições de recorrer a outras fontes para nossa alimentação, que não nas “indústrias da morte”. Infelizmente, os animais ainda são vistos como coisas que existem apenas para servir ao ser humano. Entretanto, a Doutrina Espírita nos esclarece, em vários tópicos de suas obras básicas, que os animais são animados por princípios inteligentes em constante processo evolutivo. Portanto, a cada um de nós caberá a escolha recomendada por Alexandre, no sentido de respeitar nos animais sua capacidade de sofrimento e seu direito à própria vida.



Alma Animal: A corrente abolicionista preconiza que os animais não-humanos não devam ser criados para qualquer finalidade de cooperação com o ser humano. Qual é a sua opinião a respeito?



Irvênia Prada: Eu tenho uma séria restrição com essa coisa que inventaram recentemente, de dividir o movimento de proteção e defesa dos animais em bem-estaristas e abolicionistas, pois já somos poucos os participantes dessa causa, e divididos, nos enfraquecemos. Eu considero a visão abolicionista como o ideal a ser atingido, a meta a ser alcançada, e sou concordante com essa postura em relação a situações inadequadas que ainda persistem e que já deviam ter sido eliminadas, como por exemplo a vivissecção de animais para fins de ensino. Entretanto, a conquista desse ideal, dessa meta, corresponde a um processo, e com os resíduos culturais de antropocentrismo que permeiam todos os campos da atividade humana, em relação aos animais, torna-se imperativo que em muitas situações, como é o caso do consumo de carne, trabalhemos para avançar passo a passo no estabelecimento das condições que desejamos para os animais. Na interação comportamental entre seres humanos e animais, aceito que estes possam participar por exemplo como guias para deficientes visuais ou em programas de zooterapia, desde que respeitadas as características de seu repertório comportamental, suas condições de bem-estar e também desde que se estabeleça uma relação afetiva verdadeira entre as pessoas e os animais.



Alma Animal: Qual sua visão sobre alma-grupo?



Irvênia Prada: Eu jamais encontrei nas obras básicas da codificação espírita, qualquer referência ao conceito de alma-grupo. Parece que este termo foi introduzido no meio espírita, por pessoas egressas da Teosofia. Portanto, não aceito a utilização desse conceito em se tratando de Espiritismo. Para André Luiz, em Evolução em dois Mundos, cada célula já representa um princípio inteligente na vivência de sua trajetória evolutiva. Hoje, o que podemos levar em conta é a hipótese formulada pelo biólogo britânico Rupert Sheldrake, de que os seres vivos possuem uma matriz energética de seu corpo físico, que ele refere como “campo mórfico”, sendo que os campos mórficos dos indivíduos de um mesmo grupo emitem ressonância de uns para os outros, por meio da qual é possível a troca de informações entre esses indivíduos. Nessa concepção de Sheldrake, que considero bastante razoável e concordante com a visão espírita, cada indivíduo tem sua própria individualidade, mas mantem canais de comunicação através da ressonância de seus corpos mórficos.



Alma Animal: Da literatura espírita, constam inúmeras evidências que levam a pensar que o vegetarianismo é fundamental no processo da evolução espiritual. Entretanto, tem-se a impressão que grande parte dos espíritas é onívora. Comomudar esta realidade?



Irvênia Prada: Mudar é muito difícil, pois até as mudanças para melhor nos incomodam, como seria o caso de se abandonar o consumo de carne. É verdade que a maior parte dos espíritas ainda mantem esse hábito, alimentando-se da carne dos animais. Para muitas coisas, vivemos em um “vácuo ético”, como já disse alguém, ou seja, não refletimos profundamente a respeito das características do contexto de determinada situação. Conforme já referi, nossa cultura é fortemente impregnada por um modelo antropocêntrico, que objetiva unicamente o bem-estar do ser humano e tem os animais como “coisas” utilizáveis e descartáveis. Também como já disse alguém, se os matadouros tivessem paredes de vidro, ninguém mais comeria carne, pois o que se passa lá dentro é realmente chocante. Então, penso que as mudanças irão ocorrer quando cada pessoa, individualmente, desejar conhecer a verdadeira natureza dos animais, que são seres com capacidade de sofrimento e têm direito natural à própria vida. Compaixão e misericórdia terão de aflorar no coração de todos nós, que apenas pertencemos a este mundo, não somos donos dele! Também penso que adotar o vegetarianismo só para se progredir espiritualmente, não resolve. O despertar espiritual para o entendimento da questão (matar os animais e comer suas carnes) é que deverá motivar as pessoas para poupar a vida e o sofrimento dos animais. Sobre este assunto, recomendo fortemente a leitura de “Missionários da Luz”, de André Luiz, cap. 4, que contem as sábias orientações do mentor Alexandre a respeito.



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