sábado, 9 de abril de 2011

O voo alto da ararinha


7 de abril de 2011 JT
FELIPE BRANCO CRUZ
Em 2009, a maior bilheteria nos cinemas do Brasil foi A Era do Gelo 3, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, 42 anos, e que teve 9 milhões de espectadores. Hoje, Saldanha lança mais um longa de animação no País. Trata-se de Rio, uma homenagem à cidade em que o diretor nasceu. O filme tem potencial de bater todos os recordes. A expectativa dos produtores é fazer mais de 10 milhões de espectadores no Brasil. O número é pouco menor do que os 11 milhões de Tropa de Elite 2. Mas Rio, uma superprodução de US$ 90 milhões, pode levar ainda mais gente aos cinemas. É que a animação será lançada em 1 mil salas do País, um recorde nacional e quase 50% superior ao número de salas de Tropa 2: 696.
No mundo, Rio será um dos maiores lançamentos do estúdio 20th Century Fox. Ao todo, o filme será lançado em 150 países, com público esperado de 160 milhões de pessoas, uma divulgação sem precedentes para o Brasil e para a cidade do Rio de Janeiro. Para se ter ideia, a veiculação do trailer de 30 segundos de Rio, durante o Super Bowl – a final do campeonato de Futebol Americano dos EUA –, foi vista por 111 milhões de pessoas. Para tanto, a Fox desembolsou US$ 3 milhões, o dobro da verba anual que o Rio destina à promoção da cidade no exterior.
O longa conta a história da ararinha azul Blu (Jesse Eisenberg dubla em inglês e Gustavo Pereira, em português), que é capturada na Floresta da Tijuca. Ela é levada para o gelado estado do Minnesota, nos Estados Unidos, onde é criada por Linda, uma garota nerd, dona de uma loja de livros. O pássaro é criado como um animal de estimação e não aprende a voar. Até que o ornitólogo Túlio (Rodrigo Santoro dubla em português e inglês) diz que Blu talvez seja o último macho de arara azul no mundo e que há uma fêmea da espécie no Brasil. É a chance de salvar a ave da extinção. Quando chega ao Rio, Blu se encanta com a exuberância da natureza e se mete em diversas confusões para ficar com Jade (dublada por Anne Hathaway, em inglês, e Adriana Torres, em português), a ararinha azul fêmea.
O filme tem o mérito de apresentar uma cidade deslumbrante, assim como o turista vê o Rio de Janeiro: lindas praias e mulheres, belas paisagens e os pontos turísticos, como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Mas a animação também fala diretamente com os cariocas ao mostrar personagens engraçados, como a arara Rafael (que é amigo de todos), além da malandragem tipicamente carioca. As mazelas não ficaram de fora. O filme mostra a favela, os traficantes de animais e os pequenos ladrões, incorporados por micos que vivem nas encostas do Pão de Açúcar e roubam celulares e relógios dos turistas.
Carnaval na Sapucaí
Outro cuidado que o diretor Carlos Saldanha teve foi com a reconstrução da cidade. É incrível a beleza com que ele recriou os pontos turísticos e também um belíssimo desfile de carnaval na Marquês de Sapucaí. Outro mérito do filme é fazer com que o Rio de Janeiro seja parte integrante da história. Ou seja, a cidade é tão presente que o espectador não conseguirá imaginar nenhum outro lugar do mundo como cenário perfeito para a animação.
A conclusão é de que, realmente, o filme tem grande potencial de passar uma excelente imagem ao exterior do Brasil, mesmo com todas as nossas mazelas sociais. Chega a ser lugar-comum afirmar, mas os olhos do mundo estão, mais do que nunca, voltados para o Brasil, com a escolha da sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Mas o público-alvo são as crianças. Rio não é uma daquelas animações com piadas de duplo sentido, direcionadas também aos adultos. Ele é simples, belo, leve e engraçado. Uma deliciosa história, tipicamente carioca.


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